O 4º Painel do KM Brasil 2018 teve a missão de abordar como as organizações podem prover formas de aprendizado. Contando com a presença dos palestrantes Rodrigo Fischer, Banco Central, Conrado Schlochauer, AfferoLab, e José Cláudio Securato, Saint Paul Escola de Negócios, foi possível explorar a perspectiva do aprendizado nas organizações, entender os desafios para a adoção de uma cultura de aprendizado ao longo da vida e como o suporte de novas tecnologias podem nos ajudar a superar este desafio.
Segundo os painelistas, as próximas gerações terão uma atuação profissional entre 40 e 50 anos. Provavelmente, você que está lendo este texto terá uma carreira tão longa quanto esta. Atualmente, dizer que uma pessoa com 65 anos de idade não é produtiva é, no mínimo, menosprezar a experiência e a capacidade intelectual de muitos profissionais. Por outro lado, na nossa vida profissional, quantas carreiras são possíveis? Quantas vezes será necessário nos reinventarmos? Mesmo se você permanecer com um único empregador, provavelmente será necessário desempenhar diversas funções. E aqui entra a aprendizagem.
Podemos fazer um paralelo da necessidade de aprendizagem com o conceito de estabilidade dinâmica. Exemplo: imagine-se andando de bicicleta. Se você parar de pedalar, em algum momento a bicicleta irá perder velocidade e a tendência é você perder o seu equilíbrio. Continuar pedalando nos dá a estabilidade dinâmica. O mesmo ocorre com a aprendizagem.
Mas falar em aprender nos remete a um modelo tradicional com viés Taylorista que fez sentido no passado. Nesse modelo estávamos exclusivamente em uma sala de aula todos os dias com hora para começar e hora para acabar. Ele é centralizado, focado em um professor ensinando e uma turma aprendendo. No contexto atual, não podemos nos dar ao luxo de assumir que a aprendizagem ocorre somente na sala de aula. A aprendizagem não tem hora, ela pode ocorrer no dia a dia, o tempo todo e a fonte de conhecimento não está restrita a um único componente (o professor).
Muitos já entenderam isso e vem crescendo a preocupação de como fomentar um ecossistema de aprendizagem no ambiente organizacional, onde as organizações não são apenas provedoras de conhecimento. As organizações devem ser viabilizadoras de aprendizagem com o compromisso de fazer isso de forma ágil e transparente e de tratar adultos como adultos, para romper com o modelo tradicional de comando-controle quando se aborda este tema.
O conceito de life-long learning ganha força por permitir o aprendizado autodirigido em ambientes informais. Nesta abordagem você é o dono do seu processo de aprendizagem. Para isso podemos contar com diversas alternativas, como microcertificações, aprendizagem em redes sociais e até mesmo o uso de plataformas suportadas por Inteligência Artificial para facilitar o acesso ao conteúdo e trazer novas experiências. Assim as organizações devem fomentar uma cultura de aprendizagem, suportar as pessoas com uma boa curadoria que direcionará às melhores fontes de conteúdo e, por fim, prover um contexto de aplicação do conteúdo.
Mas lembre-se de que o ator no processo de aprendizagem é o próprio aprendiz. Então organize o aprendizado dentro da sua agenda semanal. Busque assuntos e temas que contribuirão com as suas atividades do dia a dia e coloque-os em prática já. Ressaltamos que o aprendizado é diferente da aquisição de conteúdo, que está virtualmente disponível a todos em apenas alguns cliques. Mais ainda, aprender não é receber conteúdo e demonstrar que sabemos algo apenas ressaltando a nossa capacidade de memória. O aprendizado existe somente quando o conteúdo adquirido é usado para fazer algo melhor.
Sobre o autor:
Leandro Loss é CKO da 7D Analytics e diretor da SBGC, e moderou o painel “Aprendizagem contínua e flexível” do KM Brasil 2018.