A importância dada a elas – suas capacidades criativas, motivações, competências e conhecimentos - é sentida como um diferencial e uma oportunidade para as empresas crescerem mais. Fato este apontado pela recente pesquisa da Deloitte, que indica que as organizações pretendem investir cerca de 2,4% de seu lucro em benefícios aos colaboradores.
Dar maior importância às pessoas do que aos bens tangíveis torna-se uma tendência porque são elas (as pessoas) que detém os conhecimentos mais valiosos sobre como atingir melhores resultados, como diagnosticar problemas e otimizar processos internos enquanto que os equipamentos usados nas operações são meros coadjuvantes para tal fim.
“A maneira de aproveitar melhor o conhecimento desses colaboradores é praticar a Gestão do Conhecimento, que nada mais é do que estimular e facilitar a troca, o uso e a criação de conhecimento em toda a empresa. Com a Gestão do Conhecimento, as pessoas são incentivadas a compartilhar aquilo que sabem, de forma a criar um ambiente de trabalho no qual toda experiência válida pode ser “acessada” pelos outros colaboradores e aplicada em suas atividades a fim de elevar a produtividade da companhia”, explica André Saito, diretor de Educação da SBGC - Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento.
Saito, que é PhD em Ciências do Conhecimento pelo Japan Advanced Institute of Science and Technology, menciona dois tipos básicos de conhecimento aplicados pelo ser humano: o explicito e o tácito. “O conhecimento explícito é mais fácil de se colocar em palavras, registrar, documentar. É facilmente adquirido por meio da leitura de manuais, livros e artigos, por exemplo. Quando falamos das funcionalidades de um sistema, ou das etapas de um processo produtivo, estamos tratando de conhecimento explícito.” Quanto ao segundo tipo, Saito explica que é mais difícil de ser colocado em palavras e é adquirido apenas com a prática. “O conhecimento tácito é aquele que só conseguirmos mostrar ao usar. Um líder gerindo sua equipe, um médico realizando um diagnóstico, ou vendedor fechando uma venda difícil, são exemplos desse tipo de conhecimento. É difícil de explicar, e só se aprende com a experiência, com a vivência”, complementa.
Para as empresas, a gestão do conhecimento pode ser de grande valia, pois contribui para a geração de valor, otimização das operações e até melhora do atendimento ao cliente final. Por isso que é necessário aplicá-lo nas empresas. Uma vez disseminado, aquele conhecimento pode ser retido pelos outros colaboradores a fim de gerar resultados sempre superiores aos do passado. “Um engenheiro que opera uma plataforma de petróleo em alto mar tem uma experiência riquíssima que deve ser bem aproveitada. É preciso reconhecer e disseminar esse conhecimento para que a empresa esteja sempre evoluindo. É algo contínuo”, exemplifica Saito.
Um dos desafios para as empresas atualmente, segundo o especialista, “é aplicar a gestão do conhecimento de forma alinhada aos negócios. Não adianta implantar a gestão do conhecimento sem pensar em quais resultados se quer atingir. É preciso orientá-la para os objetivos estratégicos da empresa. Deve-se alinhar os dois, caso contrário, a gestão do conhecimento gera pouco impacto”.