As redes sociais criam melhores condições para o trabalho e para o resultado da própria organização, porém ainda são pouco aproveitadas, afirma o sócio diretor da Terraforum.
Para o KM Brasil 2011, 10º Congresso Brasileiro de Gestão do Conhecimento, foi convidado Roberto do Valle,sócio diretor da Terraforum, para falar sobre redes sociais e gestão do conhecimento.
Roberto do Valle afirma que empresas interessadas em gestão do conhecimento (GC) e inovação devem prestar atenção na forma como o mercado está evoluindo e nos seus hábitos de consumo. As empresas que desejam ser competitivas e agregar valor para o consumidor e para sociedade precisam fazer melhor uso do conhecimento. A GC é o caminho e a ferramenta para isto e refletirá na geração de melhor desempenho e geração de inovação.
Segundo Roberto do Valle, a Terraforum vive a GC na empresa e junto aos clientes. A dinâmica de trabalho das equipes é totalmente colaborativa e, portanto, o compartilhamento de conhecimento e a proposição de inovação são muito intensos. Como exemplo, Roberto do Valle cita o ambiente de trabalho de sua empresa, onde ninguém tem sala definida. As salas são compartilhadas permitindo uma interação maior das equipes sem uma hierarquia formal. A cada projeto definem-se novos papéis, facilitando novos aprendizados e dando a todos os funcionários oportunidades de colaborar e inovar. Esta dinâmica permite geração de conteúdos, artigos, novas metodologias, ou seja, na Terraforum o conhecimento faz parte do trabalho e todos fazem o conhecimento acontecer e evoluir.
Sobre as redes sociais, Roberto do Valle afirma que sempre existiram do ponto de vista de redes de pessoas que interagem. As ferramentas são a novidade no cenário de hoje. As plataformas trazidas pela internet permitem que essas redes se ampliem e que as pessoas troquem conhecimento com mais velocidade e em maior quantidade. Antes as redes exigiam a presença física e por isso as trocas de conhecimento eram mais lentas. Com as ferramentas da internet e com a Web 2.0, as redes sociais contam com plataformas que facilitam a conexão com pessoas do mundo inteiro, compartilhando interesses, desafios e atividades. Essa dinâmica das redes sociais traz a colaboração para o dia a dia da empresa e esta colaboração traz uma série de transformações para economia e para o mercado. Segundo Valle, as redes sociais hoje são um contexto muito importante para o fluxo de conhecimento e inovação das organizações.
Valle diz ainda que, nas empresas, as pessoas precisam trocar informações, discutir projetos, buscar soluções para problemas e interagir. Quando as organizações adotam ferramentas que facilitam esta interação via redes, criam melhores condições para as equipes solucionarem problemas e gerarem valor. Aos poucos as empresas estão se abrindo para as ferramentas das redes sociais. Segundo o sócio-diretor da Terraforum, até pouco tempo atrás, esta troca de conhecimento não era bem vista. O bom profissional era aquele que fazia sua atividade concentrado no seu trabalho. A realidade de mercado de hoje exige que as pessoas troquem muito mais informação e conhecimento em tempo real. As redes sociais criam melhores condições para o trabalho e para o resultado da própria organização, porém ainda são pouco aproveitadas. Em várias empresas existem muitas práticas, iniciativas e aprendizados que já existem, entretanto pelo fato de uma área não conversar com outra e pela falta de interatividade, esses conhecimentos são pouco compartilhados. À medida que o compartilhamento cresce na empresa, o fluxo de conhecimento aumenta e potencializa tanto o desenvolvimento da pessoa como da organização.
Quando questionado sobre as melhores práticas de GC nas organizações, Roberto do Valle afirma que a melhor prática que uma empresa pode adotar é facilitar as trocas informais, criando oportunidades para as pessoas interagirem. A empresa deve fornecer condições para as pessoas colaborarem, seja por meio de ferramentas virtuais, ou por meio de espaços físicos, dentro ou fora da empresa. Redesenhar o espaço da empresa para facilitar o encontro das pessoas pode trazer grandes resultados. Boas idéias podem surgir durante um cafezinho, pois pessoas de diferentes setores podem interagir e assim terem insights sobre soluções de problemas.
Sobre as aprendizagens informais e formais, Roberto do Valle acredita que são complementares. Uma não dispensa a outra. A educação mais estruturada cria caminhos para que a pessoa aprenda. Entretanto aprendemos também nos desafios do trabalho e por isso a aprendizagem informal desempenha um papel complementar e talvez mais relevante que a aprendizagem formal.
Valle aponta que a gestão do conhecimento não é um fim e sim um meio. A GC facilita e intensifica a geração de valor pelas equipes, pela organização e pela sociedade como um todo. Deve ser tratada como uma forma de fazer melhor o que já se faz ou de inovar. Neste sentido, é importante identificar que valor a organização ou a equipe está buscando gerar e usar a gestão do conhecimento para trazer os conhecimentos necessários para aprimorar esta geração de valor. O contexto organizacional conta com um fluxo do conhecimento já existente em qualquer organização, pois qualquer atividade humana envolve conhecimento. A GC estrutura melhor, facilita e cria melhores condições para que este fluxo aconteça. O conhecimento deve estar disponível no momento certo para as pessoas certas. A inserção da GC na organização facilita a captura do conhecimento que está no mercado, traz o conhecimento mais relevante para empresa e o faz circular entre as pessoas e evoluir na forma de serviços, produtos, ou seja, na forma de valor.
Para Roberto do Valle, a SBGC é uma referência, pois vem desempenhando um papel importante no mercado brasileiro e contribui fortemente no entendimento das empresas sobre a GC.
*Tatiana Takimoto é membro associada da SBGC, Mestranda em Mídias do Conhecimento na Eduação pelo EGC/UFSC, atuamente é professora substituta na Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC e coordenadora técnica de gestão do programa Jovem SBGC. Fale com Tatiana (tatiana.takimoto@sbgc.org.br).