O perfil do profissional de Gestão do Conhecimento

O relatório final do Panorama da Gestão do Conhecimento no Brasil – Edição 2020, lançado recentemente, traz revelações importantes sobre o perfil de quem atua neste segmento.

O relatório final do Panorama da Gestão do Conhecimento no Brasil – Edição 2020, lançado recentemente, traz revelações importantes sobre o perfil de quem atua neste segmento.

Eu, Mariana Lima, e mais dois especialistas em Gestão do Conhecimento, Antônio Zambon e Juliana Lima, apresentamos alguns destaques da pesquisa em uma Mesa Redonda, moderada pelas coordenadoras da pesquisa, Alana Sester, Jaqueline Matos e Thaís Colicchio. Enquanto me preparava para a conversa, selecionei alguns itens para compartilhar com você, aqui no Blog. 
 

 1. Atuação em GC

Este tópico revela uma sobreposição de funções, pois a pesquisa permite escolher mais de uma opção. Eu destacaria a diferença entre estudar e pesquisar GC x fazer e aplicar a gestão do conhecimento nas organizações, ou seja, há dois grandes grupos:

  1. Profissionais (1/3 são consultores) = 76%
  2. Acadêmicos (estudante / pesquisador + professor ou representante acadêmico) = 44%

Lembrando que a soma ultrapassa 100%, já que temos profissionais que se dedicam a ambos os grupos.

2. Faixa etária e tempo de carreira

De maneira geral, Gestão do Conhecimento não é uma atividade exercida em início de carreira e nem por recém-formados. É o que indica a pesquisa, em que pessoas com mais experiência de vida e profissional foram maioria entre os respondentes. Em contrapartida, muitas dessas pessoas são novas em GC (menos de 5 anos atuando nesse ramo). Ou seja: quem trabalha com Gestão do Conhecimento tem em torno de 10 anos de carreira e, muito provavelmente, é um profissional que conquistou certo espaço na empresa. A GC não “cai no colo” de um estagiário, por exemplo. 

3. Dedicação do profissional de GC

Este item também tem dois grandes grupos: 

  1. Profissional dedicado a GC (12%): integra uma equipe dedicada à GC, é responsável por implementar Gestão do Conhecimento em uma área ou na empresa inteira.
  2. Profissional parcialmente dedicado à GC (77%): faz Gestão do Conhecimento como atividade secundária. Neste caso, a Gestão do Conhecimento não é a atribuição principal desse profissional, que atua em outra área. Por exemplo: profissional de RH e de GC.

A maioria dos profissionais tem GC como atividade secundária em áreas específicas da empresa. Ou seja, GC costuma ser uma das funções do profissional, e não a única.

4. Áreas de atuação

Das áreas que aparecem no relatório, RH, gestão de pessoas, educação corporativa, treinamento e desenvolvimento, são áreas que estão muito próximas entre si. 
Somando essas áreas, temos aproximadamente 80 respondentes (38%). O que demonstra que a GC tem força no RH e que, talvez, seja uma das maiores preocupações das organizações.

Insights:

• A maioria dos profissionais tem GC como atividade secundária em áreas específicas da empresa.
• GC é um diferencial do profissional: profissional de outra área e de gestão do conhecimento.
• GC é uma área relativamente nova, mas o termo Gestão do Conhecimento envelheceu. Além disso, temos hoje outras metodologias “na moda”, o que faz com que as pessoas queiram fazer e aprender metodologias que usam práticas de GC, porém, com outros nomes: gestão ágil é uma gestão de projetos ágil, que usa práticas de gestão do conhecimento, por exemplo. 
• GC tem sobreposição com muitas áreas. Por isso, a maior parte dos profissionais de GC se dedica em tempo parcial.
• Pode ser que poucas empresas trabalhem GC como ação isolada, fora das áreas.
• Para que a Gestão do Conhecimento cresça como área é necessário mostrar que ela é útil, que as práticas de GC podem facilitar e complementar outras áreas. É preciso dar ênfase àquilo que a GC traz de diferente, que outras áreas não costumam dar atenção.
• O profissional de GC que carrega um background de outras áreas, geralmente de RH, mas não somente, tem tido uma atuação estratégica perante os negócios das organizações.

Os últimos insights não fazem parte da leitura dos dados encontrados no relatório de 2020, mas serve como alerta para acompanharmos os próximos relatórios do Panorama da GC: será que as pessoas entram e saem de GC por ela não ser atividade principal? Recebem um projeto, tocam o projeto, encerram o projeto e deixam de se dedicar à GC, voltando a ser um profissional de uma área específica, parcialmente dedicado a GC? 
Gestão do Conhecimento se tornará uma área nas empresas ou apenas um diferencial muito requisitado em profissionais na nova economia do Conhecimento?

Esperamos contar com a sua ajuda para respondermos essas e outras questões referentes ao perfil do profissional de Gestão do Conhecimento. 
Pesquisa para o relatório de 2021 estará disponível no site da SBGC até 14/11/21 – próximo sábado.

Por Mariana Lima.

Sobre a autora: 
Mariana Lima é mercadóloga com experiência em Gestão do Conhecimento e Gestão de Projetos e está como assessora da diretoria executiva da SBGC.