Cansados de ver tantas coisas erradas que os terráqueos fazem, os extraterrestres decidiram agir para arrumar a bagunça de uma vez por todas: eles vieram para a Terra para preservar o planeta e toda vida existente. Dois seres de nomes impronunciáveis devido às nossas características fisiológicas partiram nessa missão e adotaram os nomes Varginha e Roswell, para que pudessem estabelecer algum tipo de comunicação conosco. Varginha e Roswell possuíam um dispositivo preparado para falar e entender todas as linguagens utilizadas na Terra.
Você, terráqueo, deve se perguntar: mas o que os extraterrestres têm para nos ensinar em relação à preservação, se todos os planetas que conhecemos não têm árvores, não têm água, não têm vida? Aí é que você se engana... Eles protegem tão bem os planetas onde vivem, que não nos permitem vê-los também. Nem nossa melhor tecnologia consegue ultrapassar as barreiras de proteção que eles criaram.
Essas defesas foram implantadas para se protegerem deles mesmos, após a quase extinção. Como deu certo, resolveram compartilhar esse conhecimento com todo o universo, todos os planetas e seres.
Estudaram, praticaram e deixaram o mais difícil para o final: nós, os seres humanos, os predadores terráqueos, a pior espécie que já existiu. Egoísta, produtora de lixo, destruidora do planeta e sem o menor respeito pela própria vida, pela vida de seus semelhantes ou das demais espécies vivas que habitam o mesmo mundo. A espécie que não escuta os outros e que se acha dona da verdade. Cega.
Quando chegaram à Terra, lançaram diversos drones para que a comunicação se espalhasse de forma rápida e eficaz, em diversas linguagens. Os drones alcançaram os locais determinados com o idioma correspondente, e hologramas de Varginha e Roswell esclareciam quem eram e qual era a sua missão, explicando que vinham em paz e que os terráqueos deveriam ouvi-los. Utilizaram a internet e os meios de comunicação, mas não eram compreendidos pois a humanidade cética só queria atacar, destruir, guerrear, como está acostumada a fazer.
Foi uma loucura: teve gente que começou a rezar, outros começaram a atirar, fugir, sair nadando, cavar buracos, foi um corre-corre danado. Varginha e Roswell, frustrados e tristes, decidiram se calar e aguardar tudo aquilo passar para que pudessem tentar dialogar novamente. Mas a cada dia que passava, tudo só piorava: tinha míssil, bomba, arma química, arma biológica, porém nada destruía a tecnologia alienígena.
Finalmente, após muito tempo, o silêncio predominou e eles conseguiram sair, pousar na Terra e tentar dialogar. Mas algo estava estranho… O lugar não era o mesmo que eles estudaram anteriormente: havia menos pessoas e todas eram pequenas, estava mais quieto, não existia mais eletricidade, internet, o barulho desenfreado dos carros, a mata havia crescido um pouco e não existiam animais. A vida na Terra estava diferente.
Varginha e Roswell foram recebidos por crianças. Não havia mais adultos, pois todos morreram de uma terrível doença. Elas contaram tudo aos extraterrestres, que ficaram muito tristes, visto que tinham com eles a salvação para toda a Terra, mas infelizmente não conseguiram atuar a tempo.
Os extraterrestres contaram para as crianças o que vieram fazer aqui na Terra e porque não conseguiram compartilhar conosco todo o conhecimento e tecnologia que possuíam.
A intolerância, a ignorância e a arrogância foram as principais inimigas da humanidade, fazendo com que ela chegasse ao fim por não ser abrir para o novo.
Varginha e Roswell dividiram com as crianças todas as soluções que traziam e, aos poucos, ajudaram a tratar doenças, erradicar a fome, restabelecer a comunicação, a eletricidade e as demais coisas que a humanidade havia destruído.
Os animais voltaram a popular a terra, as árvores voltaram a crescer, embora ainda fosse demorar alguns anos para restabelecer as florestas. A água tinha um gosto diferente, de remédio, mas ainda era melhor do que a sede. As frutas começaram a nascer, porém não eram doces. Aos poucos as coisas foram voltando ao normal.
Nesse vai e vem de reconstrução, Varginha e Roswell encontraram uma biblioteca com vários livros infantis que as crianças nunca tinham visto. Como haviam estudado que os seres humanos adultos liam para as crianças, os extraterrestres decidiram fazer isso também.
Cada dia era uma leitura diferente, uma conversa diferente entre eles, e a imaginação e a esperança de um futuro melhor foram voltando, aliás, era isso que faltava: a esperança de um mundo melhor. Varginha e Roswell finalmente entenderam o que nos faz humanos e que todos os erros que cometemos no passado foi com esse propósito: nos tornarmos melhores. O que não sabíamos é que ao buscarmos isso de forma individual, encontraríamos nossa destruição.
Com a sensação de ter muito trabalho pela frente, Varginha e Roswell resolveram ficar na Terra e ajudar as crianças a pensar com coletividade e a compartilhar todo conhecimento adquirido, pois somente dessa forma a humanidade poderia voltar a crescer e cuidar melhor de sua própria existência e de seu planeta.
Sobre a Autora
Viviane Costa Bonaldo é é amante de ficção científica e universo Geek. Graduada em Administração de Empresas e pós graduada em Gestão Empresarial pela UNIFEI. É coordenadora de uma área de Curadoria numa seguradora. Tem aprofundados seus estudos com foco em curadoria e gestão de conhecimento.