Essa narrativa faz parte de uma atividade do curso SBGC on line: Gestão do Conhecimento - Conceitos e Práticas.
Você já imaginou um negócio de milhões de dólares ser salvo pela “tia do cafezinho”? Pois então senta que lá vem estória.
Dona Maria nasceu em Garanhuns, uma cidade conhecida como a Suiça nordestina e distante pouco mais de três horas de Recife. Mãe de três filhos, há três anos que do marido só via um pingado de dinheiro que lhe chegava pelos correios. O “pingado” do marido teimava em acabar bem antes do mês. Graça a Deus essas já eram coisas do passado pernambucano da dona Maria. Já há vinte anos labutando em Sampa, próxima do marido, dona Maria era a pessoa mais lembrada na “Success & Company” ou simplesmente “SuCo” como o pessoal da planta de São Paulo costumava chamar. Tudo começou há cinco anos quando dona Maria, chegada de “pau de arara” do sertão, fora contratada como a “tia do cafezinho”.
Com mais de dois mil colaboradores a SuCo Brasil tinha oitenta por cento dos seus quatrocentos milhões de faturamento anual dependente de três contratos. Dona Maria era uma das três “tias” que servia cafezinho nos cinco andares da sede brasileira da SuCo, e cabia a ela servir as reuniões da Diretoria. Tudo na empresa funcionava como um relógio, até as “tias” serviam café em conformidade com os POPs disponíveis no “wiki” corporativo. Software traduzido da matriz americana, o wiki cuidava de manter vivo os saberes corporativos, facilitando as tarefas de captura, armazenamento, recuperação e distribuição dos conhecimentos da SuCo. Contudo, o Wiki era tão “endeusado” que as pessoas nem ousavam imaginar que alguma informação importante poderia não estar ali.
Eis que chegava a hora de renovar um dos três maiores contratos da SuCo e a Diretoria já estava em reunião há mais de cinco horas com o Dr. Penny Pincher, diretor comercial da BigBusiness. A renovação do contrato estava perigando por um impasse em torno de uma pesquisa de mercado cujos detalhes ninguém conseguia encontrar no Wiki. No entanto, o Sr. Marquetim tinha os detalhes na cabeça mas estava de férias e ninguém conseguia localizá-lo. Eis que a “tia do cafezinho” ao servir o café para o presidente discretamente salva a reunião passando o whatsapp do Sr. Marquetim.
Surpresos, a Diretoria ficou sabendo que a dona Maria, entre um cafezinho e outro, obtivera o whatsapp salvador consultando uma amiga, faxineira há muito do Sr. Marquetim. Contrato renovado e Dr. Penny Pincher já distante, a Diretoria sugeriu dar o bônus da renovação ao Sr. Marquetim, ao que retrucou o Presidente anunciando que quem iria receber o bônus da vez seria a “tia do cafezinho”, detentora do maior capital social do dia.
Sobre o autor: Adauto Bezerra Delgado Filho.
Entusiasta da autogestão, Adauto transita na área de gestão pública há mais de 30 anos contrapondo pressupostos “maduros” contra a jovial aprendizagem coletiva. Com passagens pelas áreas de TI, administração hospitalar, administração geral, auditoria interna, relações internacionais e administração acadêmica, Adauto participa de alguns projetos estratégicos da Unicamp como integrante da sua Diretoria Acadêmica. Ativista de metodologias ativas há mais de dez anos, tem invertido a sala de aula em cursos de extensão nas disciplinas de administração geral e gestão da qualidade total. Administrador de Empresas e Mestre em Engenharia Mecãnica, Adauto tem sido positivamente incomodado pela teimosa questão da aprendizagem organizacional a ponto de levá-lo a aceitar convites de trabalhos voluntários junto à gestão de ONGs.
Com mais de dois mil colaboradores a SuCo Brasil tinha oitenta por cento dos seus quatrocentos milhões de faturamento anual dependente de três contratos. Dona Maria era uma das três “tias” que servia cafezinho nos cinco andares da sede brasileira da SuCo, e cabia a ela servir as reuniões da Diretoria. Tudo na empresa funcionava como um relógio, até as “tias” serviam café em conformidade com os POPs disponíveis no “wiki” corporativo. Software traduzido da matriz americana, o wiki cuidava de manter vivo os saberes corporativos, facilitando as tarefas de captura, armazenamento, recuperação e distribuição dos conhecimentos da SuCo. Contudo, o Wiki era tão “endeusado” que as pessoas nem ousavam imaginar que alguma informação importante poderia não estar ali.
Eis que chegava a hora de renovar um dos três maiores contratos da SuCo e a Diretoria já estava em reunião há mais de cinco horas com o Dr. Penny Pincher, diretor comercial da BigBusiness. A renovação do contrato estava perigando por um impasse em torno de uma pesquisa de mercado cujos detalhes ninguém conseguia encontrar no Wiki. No entanto, o Sr. Marquetim tinha os detalhes na cabeça mas estava de férias e ninguém conseguia localizá-lo. Eis que a “tia do cafezinho” ao servir o café para o presidente discretamente salva a reunião passando o whatsapp do Sr. Marquetim.
Surpresos, a Diretoria ficou sabendo que a dona Maria, entre um cafezinho e outro, obtivera o whatsapp salvador consultando uma amiga, faxineira há muito do Sr. Marquetim. Contrato renovado e Dr. Penny Pincher já distante, a Diretoria sugeriu dar o bônus da renovação ao Sr. Marquetim, ao que retrucou o Presidente anunciando que quem iria receber o bônus da vez seria a “tia do cafezinho”, detentora do maior capital social do dia.
Sobre o autor: Adauto Bezerra Delgado Filho.
Entusiasta da autogestão, Adauto transita na área de gestão pública há mais de 30 anos contrapondo pressupostos “maduros” contra a jovial aprendizagem coletiva. Com passagens pelas áreas de TI, administração hospitalar, administração geral, auditoria interna, relações internacionais e administração acadêmica, Adauto participa de alguns projetos estratégicos da Unicamp como integrante da sua Diretoria Acadêmica. Ativista de metodologias ativas há mais de dez anos, tem invertido a sala de aula em cursos de extensão nas disciplinas de administração geral e gestão da qualidade total. Administrador de Empresas e Mestre em Engenharia Mecãnica, Adauto tem sido positivamente incomodado pela teimosa questão da aprendizagem organizacional a ponto de levá-lo a aceitar convites de trabalhos voluntários junto à gestão de ONGs.
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