Quando não venta, tudo fica estagnado, parado. Nada muda. Assim como o conhecimento precisa ventilar, circular para trazer mudanças. Sem o vento, as nuvens não se moveriam e só choveriam no mesmo lugar, não haveria diversidade da fauna nem da flora.
Também o vento pode gerar energia se tivermos uma turbina eólica. Com um reservatório armazena-se água da chuva da umidade transportada pelos ventos. Enfim há muita riqueza que pode ser extraída deste recurso natural. E é possível fazer gestão do vento? Seria possível armazená-lo em embalagens tipo as usadas em salgadinhos? Não é tão simples assim. Há vários desafios a serem vencidos.
O primeiro grande desafio é entender que é possível fazer gestão do vento (conhecimento) e entender o quanto ele é um recurso natural extremamente valioso.
Em seguida o desafio passa a ser entender “por que” e “para que” a gestão do vento pode contribuir para seu negócio. Assim, como o conhecimento, para aproveitar as riquezas do vento, precisa-se entender qual seu propósito (negócio): agricultura, aviação, geração de energia?
Carece também entender a climatologia no local (ambiente/cultura) e se é favorável ou não para os desafios do negócio.
Depois precisa-se compreender e mapear os conhecimentos necessários e críticos (técnicas de transformação de vento em energia, técnicas de geração de correntes), como o reflorestamento, que ajuda na produção de correntes com a umidade necessária que mantém o nível do canal do Panamá. Se o nível do rio no canal baixar, as embarcações podem encalhar.
É necessário fazer uma estatística do vento (entender o “clima” da organização), saber qual o vento predominante, quais suas características, se são favoráveis ao negócio.
Entendendo-se o negócio, é necessário permitir que vento circule de forma a ser bem aproveitado, na medida certa. Um tornado pode causar destruição se as pessoas não estiverem preparadas, não tiverem abrigo. O mesmo ocorre com conhecimento, se houver muita informação sem preparo prévio, as pessoas não vão aproveitar, não vão absorver. Não saber qual conhecimento necessário pode ser cair na armadilha de guardar ou gerar excesso de informação que não pode ser absorvida pelas pessoas.
O vento em si não se armazena, mas o que ele transporta é possível guardar como por exemplo umidade em reservatórios, força do vento convertida em energia em capacitores. Às vezes, para utilizar sua riqueza, não é necessário ser armazenado. Como exemplo a asa do avião é projetada de forma que o ar circule de forma diferente na parte superior e inferior da asa, o que gera uma diferença de pressão que dá sustentação à asa. Desta forma, a decolagem do avião se dá preferencialmente contra o vento, favorecendo ampliar esta diferença. Assim, todos os aviões se beneficiam da mesma circulação.
O conhecimento também (explícito ou tácito) tem várias formas de se armazenar e compartilhar (banco de dados, normas, modelos, storytelling etc.). E assim como o vento, se compartilhado pode ser aproveitado por muita gente.
Provavelmente o maior desafio seja estar sempre revendo todo o processo, pois a circulação dos ventos pode mudar com as mudanças climáticas, que também influencia na economia global, muda também os negócios, gerando a necessidade de adquirir novos conhecimentos.
Quem inventou a expressão “cabeça de vento” não sabia do valor deste recurso natural, quiçá hoje este termo fosse sinônimo de pessoa sábia. Depois de pensar em toda as semelhanças entre vento e conhecimento, quando aprendemos novos conhecimentos sentimos prazer como o de uma brisa fresca no rosto.
Referências
Carneiro, Ana. Gestão do Conhecimento: o que é e como fazer. Disponível em https://anacarneiro.com/gestao-do-conhecimento-o-que-e-e-como-fazer/ Acesso em 17-09-2022
Cruz, Claudia Andressa e Nagano, Marcelo Seido. Perfil Evolutivo da criação do conhecimento organizacional. XIII SIMPEP – Bauru, 06 a 08 de novembro de 2006.
FIA - Gestão do Conhecimento: o que é, importância e como aplicar Disponível em https://fia.com.br/blog/gestao-do-conhecimento/ Acesso em 17-09- 2022.
Cristina Voltas Carrera Fogaccia
Meteorologista, graduada e pós-graduada pela USP e atua na área de Navegação Aérea, na NAV Brasil. Trabalhou com pesquisa na área de radar meteorológico na FCTH e com meteorologia aeronáutica na Infraero. Migrou para a função de Especialista em Navegação Aérea, passando pelas áreas de tráfego aéreo e segurança operacional. Atualmente trabalha na área de Avaliação e Controle Operacional dentro da Gerência de Serviços de Navegação Aérea. Apaixonada por aprender coisas novas e por gestão do conhecimento, é associada à SBGC.