Era verão e as arvores frutíferas estavam apinhadas de frutos. Há mais de dez anos os ciclos e as estações eram regulares e a formiga Rainha, Dona Sabichona tinha certeza de que seu formigueiro iria prosperar mais um ano, mesmo com pouca comida por causa do inverno.
Sabichona como uma boa líder sabia o valor de toda a equipe e do conhecimento gerado por cada um, independente da hierarquia ou nível de formação. Como seu plano de gestão para seu primeiro ano como líder do formigueiro, ela e sua equipe decidiram fazer um brainstormingpara definirem o que precisavam melhorar e como fariam para que a passagem pelo inverno fosse mais tranquila e feliz do que nos outros mandatos.
Após analisar todas as ideias que surgiram, perceberam que durante o inverno os alimentos ficavam mais escassos, o que causava estresse e insatisfação em alguns colaboradores. Juntos encontraram uma solução que prometia alimento em abundância para todo o formigueiro. Eles haviam encontrado uma grande moita recém-plantada que regularmente soltava suas folhas, estas eram mais leves que as outras e estavam muito perto do formigueiro.
Não deu outra, a ideia era ótima e logo em seu primeiro inverno Dona Sabichona traria tamanha inovação para toda a população de formigas de sua jurisdição. Durante um mês inteiro os operários trabalharam com essa nova fonte de alimentos e todos estavam radiantes em imaginar o inverno farto que teriam.
Tudo seguia em ritmo acelerado e muito produtivo. Um novato recém-chegado ao formigueiro, amante de leitura e principalmente de história, ao participar do programa de integração de novas formigas, ouviu falar que o formigueiro mantinha documentado toda sua história e inclusive possuía um banco de lições aprendidas, muito rico de informações sobre diversos temas. Ele, apaixonado por tudo que envolve história, logo foi checar e aprender tudo quanto fosse possível sobre sua nova casa.
Lá descobriu que, há várias gerações anteriores, uma moita muito semelhante àquela tinha sido fonte de grande abundância do processo de coleta de alimentos, mas que suas folhas por serem tão leves, logo mofavam, o que era bom, mas em pouco tempo apodreciam e se liquefaziam, tornando assim, disfuncional para o propósito a que serviriam e prejudicavam muito o processo de armazenagem. Ao descobrir isso, o prestativo novato que mal havia chegado sem hesitar foi falar com a Rainha sobre o que havia descoberto. Como já mencionado, a rainha Sabichona não fazia distinção de seus operários dando atenção a todos sem nenhum preconceito. Tamanha foi a surpresa da Majestade. Era verdade, quanta dificuldade seus antepassados passaram com tal tentativa de mudança. Quão grata ela e todos os seus colaboradores ficaram por terem acesso a tal informação. E ainda que tanto tempo e mão de obra foram gastos com aquele projeto falho, houve tempo suficiente para traçarem novas estratégias para garantir o bem-estar de todo o formigueiro. De fato, aquele inverno foi o mais abundante dos últimos tempos, pois a partir dali adotaram um sistema de reuso do conhecimento e passaram a consultar com frequência os registros de lições aprendidas.
*Esta narrativa faz parte do trabalho final de conclusão do Módulo 1 do Programa Essencial de Formação Executiva em GC.
Sobre o autor:
Claudio José Kaujon Junior é técnico em Gestão na área de RH, estudante de Engenharia de produção e amante de psicologia. Claudio tem buscado aprofundamento sobre o conhecimento dentro das organizações e tem se apaixonado cada vez mais pelo tema.