Era aproximadamente 3:30 am do dia 15 de novembro de 2018 quando o viaduto da pista expressa da Marginal Pinheiros, que passa por cima da linha 9-Esmeralda, Zona Oeste de São Paulo, cedeu cerca de dois metros.
Para começar a resolver o problema é necessário o projeto da obra, porém até o momento os documentos do projeto não foram encontrados.
Aparentemente a Fepasa, extinta companhia ferroviária que administrava os trens de São Paulo, estava de posse dos documentos. Entretanto, alguns anos atrás o arquivo da Fepasa sofreu um incêndio e acredita-se que estes documentos se perderam. A Prefeitura Municipal de São Paulo também entrou em contato com a Odebrecht Engenharia e Construção, que informou que não identificou qualquer registro que a aponte como responsável pela obra.
Outra alternativa foi procurar pela pessoa que projetou a obra, mas o engenheiro Walter de Almeida Braga faleceu em 2016 e a viúva disse que se desfez do acervo do marido.
Se tudo o que foi noticiado é de fato verdade, estamos a frente de um exemplo claro da falta da Gestão do Conhecimento:
Tudo isso seria irrelevante se o viaduto que foi inaugurado há 40 anos (com cinco faixas de tráfego e cada faixa comportava aproximadamente 1.500 veículos por hora) não fosse uma das principais vias de escoamento de tráfego da cidade.
As informações sobre o viaduto podem ser consideradas como conhecimentos críticos, aqueles conhecimentos importantes para a tomada de decisões ou resolução de problemas porque reduzem um risco significativo (de queda completa) e que são difíceis de serem recuperados.
Isso não quer dizer que tudo está perdido. Caso os documentos não sejam encontrados, existe a possibilidade de uma "retroanálise" da estrutura, porém isso aumentará o tempo necessário para reestabelecer o fluxo normal na Marginal Pinheiros e trará muitos transtornos para uma cidade que já vive no limite do caos.
E você já parou para refletir quais são os conhecimentos críticos que sustentam o seu negócio? Talvez seja o momento de avaliar quais são eles e trabalhar para que, no caso de um imprevisto, seja fácil recupera-los.
P.S. - Acho importante deixar claro que o texto não é uma crítica para as instituições da esfera pública, mas sim um chamado para refletirmos se estamos fazendo o dever de casa quando o assunto é conhecimento. Estou convencido de que esse tipo de problema corre muito mais vezes no âmbito privado e a diferença é que quando acontece o grande público não fica sabendo.
Update (28 de novembro de 2018): Hoje foi divulgado na Rádio Jovem Pan que finalmente os documentos do projeto do viaduto foram encontrados. Eles estavam no DER-SP (Departamento de Estradas e Rodagem).
Sobre o autor:
Leandro Loss é CKO da 7D Analytics e diretor da SBGC
Aparentemente a Fepasa, extinta companhia ferroviária que administrava os trens de São Paulo, estava de posse dos documentos. Entretanto, alguns anos atrás o arquivo da Fepasa sofreu um incêndio e acredita-se que estes documentos se perderam. A Prefeitura Municipal de São Paulo também entrou em contato com a Odebrecht Engenharia e Construção, que informou que não identificou qualquer registro que a aponte como responsável pela obra.
Outra alternativa foi procurar pela pessoa que projetou a obra, mas o engenheiro Walter de Almeida Braga faleceu em 2016 e a viúva disse que se desfez do acervo do marido.
Se tudo o que foi noticiado é de fato verdade, estamos a frente de um exemplo claro da falta da Gestão do Conhecimento:
- Não conseguir encontrar os documentos,
- Não se sabe quem executou a obra (empresa).
- Não é possível conversar com a pessoa responsável na época da construção.
Tudo isso seria irrelevante se o viaduto que foi inaugurado há 40 anos (com cinco faixas de tráfego e cada faixa comportava aproximadamente 1.500 veículos por hora) não fosse uma das principais vias de escoamento de tráfego da cidade.
As informações sobre o viaduto podem ser consideradas como conhecimentos críticos, aqueles conhecimentos importantes para a tomada de decisões ou resolução de problemas porque reduzem um risco significativo (de queda completa) e que são difíceis de serem recuperados.
Isso não quer dizer que tudo está perdido. Caso os documentos não sejam encontrados, existe a possibilidade de uma "retroanálise" da estrutura, porém isso aumentará o tempo necessário para reestabelecer o fluxo normal na Marginal Pinheiros e trará muitos transtornos para uma cidade que já vive no limite do caos.
E você já parou para refletir quais são os conhecimentos críticos que sustentam o seu negócio? Talvez seja o momento de avaliar quais são eles e trabalhar para que, no caso de um imprevisto, seja fácil recupera-los.
P.S. - Acho importante deixar claro que o texto não é uma crítica para as instituições da esfera pública, mas sim um chamado para refletirmos se estamos fazendo o dever de casa quando o assunto é conhecimento. Estou convencido de que esse tipo de problema corre muito mais vezes no âmbito privado e a diferença é que quando acontece o grande público não fica sabendo.
Update (28 de novembro de 2018): Hoje foi divulgado na Rádio Jovem Pan que finalmente os documentos do projeto do viaduto foram encontrados. Eles estavam no DER-SP (Departamento de Estradas e Rodagem).
Sobre o autor:
Leandro Loss é CKO da 7D Analytics e diretor da SBGC
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