Gestão do Conhecimento aplicada – GCA

O ambiente atual de negócios e a competitividade pressupõem que diferenciais sejam oferecidos aos clientes como forma de garantir melhores soluções em produtos e serviços quando comparados aos seus principais concorrentes e, consequentemente, alcançar os almejados retornos acima da média do mercado.
Para tanto, as empresas necessitam de recursos que sejam difíceis de imitar, transferir, comprar, vender ou substituir e que possuam integração sistémica com outros dos seus recursos, o que é essencial para a sustentabilidade de seus negócios. O conceito apresentado ficou conhecido como competências essenciais de uma organização, conforme definiram Hamel & Prahalad (1995).

Por enquanto, vamos refletir ainda uma pouco mais sobre a gestão do conhecimento, ponto de partida, ou “célula mater” para a iniciação da formação de competências nas organizações, ou seja, parte integrante do escudo de competências essenciais determinantes para o alcance dos resultados.

O conhecimento é matéria prima intelectual do saber saber, do saber fazer e do saber ser, que uma vez gerenciado por meio de práticas, processos, tecnologias e métricas específicas, permite à empresa reunir competências para se diferenciar e competir em vantagem em relação aos seus concorrentes.

É fato que para responder às exigências do ambiente de negócios, as empresas necessitam utilizar melhor seus recursos, tangíveis e intangíveis, com a finalidade de atingir os objetivos estratégicos lançados pela empresa. Assim, constata-se, hoje, que várias empresas adotam a gestão do conhecimento como forma de responder melhor às demandas do ambiente externo, bem como, gerir os recursos internos para se tornarem mais eficientes e eficazes.

​CONCEITO DE GESTÃO DO CONHECIMENTO

Poderíamos definir a gestão do conhecimento como um conjunto de práticas gerenciais, com a proposta de organizar e estruturar todo seu conhecimento e informações consideradas vitais para os resultados e de domínio institucional, utilizados em processos de inovação, compartilhando saberes específicos e diferenciados entre os principais colaboradores, por meio de ações planejadas, organizadas e gerenciadas, para proteger, atualizar e fortalecer seus recursos competitivos, considerados como ativos intangíveis de elevado poder.

Hoje, as empresas experimentam um momento de intensas mudanças, de ruptura do “status quo” exigindo de sua estrutura muita agilidade e capacidade inovativa.
Há especialistas que chegam a alegar que o passado não fornece condições para a construção do futuro, mas o conhecimento atualizado, representado pela aprendizagem do passado, devidamente aplicada e alinhada à modernidade produtiva, permitirá encontrar novos ambientes lucrativos de negócios, o que chamo de inovação produtiva.

O COMHECIMENTO COMO ALIADO DA MUDANÇA

No livro Administrando em Tempos de Grandes Mudanças, Drucker (1999) deixava claro que a única situação inevitável para as organizações é a mudança. Evidente que não tinha ideia da gravidade do ambiente atual, mas, fundamentado nas diferentes fases da vida das organizações, fazia esta previsão, mais uma vez corretamente. O homem era um gênio.
Então vejamos que o conhecimento, como ele tratou, a sociedade do conhecimento, encontra-se impregnado nas organizações, com ou sem fins lucrativos, e atualmente há uma pressão muito intensa para a agilidade e rapidez das mudanças, com fortíssima demanda de inovação.

Não seria exagero afirmar que estamos vivendo um ponto de ruptura na composição de novos estágios das teorias da administração. O futuro confirmará ou não essa afirmação.

CONHECIMENTO E AÇÃO

Os conhecimentos, assim, são postos à prova e, mais do que isto em sua condição mais importante, exige o passar da teoria à prática, Conhecimento + Aplicação. Não havendo esta ação de implementação e materialização do conhecimento, os compêndios teóricos e conceituais são inservíveis.

Muitas empresas já têm o modelo da gestão do conhecimento implantado, permitindo, disponibilizando e exigindo de seus colaboradores e da estrutura, práticas contínuas para o desenvolvimento de seus novos produtos e serviços.

Assim trabalham já há muito tempo, como as grandes empresas de auditoria e consultoria, fabricantes de equipamentos de alta precisão para a saúde diagnóstica e resolutiva, laboratórios farmacêuticos, empresas de tecnologia de informação e outros tantos segmentos.

BENEFÍCIOS DA GC

A gestão do conhecimento aplicada tem, portanto, como objetivos ampliar a capacidade de inovação de produtos ou serviços, a rentabilidade do negócio, aumentar a competitividade e longevidade da empresa, e ainda promover o envolvimento integrado de seus colaboradores para os desafios da gestão, na velocidade exigida pelo mercado de clientes e usuários. Diante do exposto, alguns aspectos são imperiosos e devem ser ressaltados:

  • Muito mais do que teoria ou conceito a gestão do conhecimento aplicada destina-se à demonstração dos diferenciais de nossas empresas, produtos e serviços em comparação aos nossos principais concorrentes;
  • O empenho para integrar a gestão do conhecimento ao modelo de gestão estratégica que valorize a competitividade, a partir do domínio de informações e conhecimentos, compartilhados e internalizados pelos colaboradores, com foco na rentabilidade do negócio e construção da longevidade da empresa;
  • A necessidade de promover a exigência do esforço de todos na empresa, em equipes, para reunir de forma coordenada o conhecimento fragmentado e disperso para organizá-los em bases de acessos, em processos e estruturas, como sendo propriedade intelectual da organização;
  • Exigência de que a gestão do conhecimento faça parte dos elementos determinantes da cultura das organizações, aceita como conceito e práticas, com instrumentais administrativos e tecnológicos diversos e especializados, destinados a cada momento e diversos extratos profissional das empresas, com dashboard de resultados específicos, para melhor controlar o desempenho da base de conhecimentos, conforme cada área da empresa;
  • Deve-se mapear e administrar as dificuldades e os principais desafios, ou seja, pensar a maneira de institucionalizar a gestão do conhecimento na empresa, promovendo princípios, valores e traços culturais, a partir da identificação de técnicas, instrumentos, normas e regulamentos.

Reforça-se aqui a ideia da institucionalização, que, por si só, merece um capítulo particular do seu significado, considerando sua complexidade e pontos especiais do comportamento nas organizações, o que será motivo de um dos nossos próximos pontos de reflexão;

ETAPAS DA GC

Para encerrar este módulo de reflexão, acrescenta-se, mesmo sem exaurir, algumas etapas genéricas que um projeto deve abranger, no mínimo:

  • Diagnósticos e qualificação das relações entre as empresas, clientes, por meio de procedimentos individualizados cuidadosos, discutidos com cada cliente, na busca de informações e fatos influenciadores do projeto, com oficialização em relatórios e posterior dimensionamento de projeto, por consenso, e planejamento das ações pactuadas com um cronograma de desenvolvimento;
  • Estruturar programas de formação coletiva direcionados para objetivos específicos e identificados com as necessidades dos clientes, abrangendo grupos de colaboradores chave para a empresa;
  • Disponibilizar momentos de debates temáticos por área de atuação, em regime compartilhado na empresa, com suporte consultivo – consultoria e acção – integradas, compreendendo a formação conceitual, estudos de processos, escolhas tecnológicas para o presente e futuro;
  • Finalmente, insistir, persistir, promover e não abdicar da repetição e aperfeiçoamento contínuo dos projetos de formação ação, recompondo e atualizando a avaliação diagnóstica, formação coletiva e individual, bem como ações de desenvolvimento de gerenciamento de projetos específicos para cada departamento da empresa;

É trabalho amplo e complexo e aqui somente nos propomos a destacar alguns poucos aspectos indicativos do tema, quanto aos problemas e medidas mínimas de cuidados estruturais, que trazem em seus enunciados amplo detalhamento de necessidades e fases que precisam ser definidas para cada organização.

Vamos continuar refletindo? Há muito trabalho a fazer.

Por João Paulo dos Santos Netto.

Sobre o autor:
João Paulo dos Santos Netto
Gestão Executiva, Consultiva e Professor Universitário
Paulo.Netto@sapo.pt