Promover um novo modelo organizacional para o esporte brasileiro: o papel da gestão do conhecimento

É notório que o conhecimento promove mudanças nos mais variados setores da sociedade, entre elas as atividades sociais e econômicas. Consequentemente, isso provoca adequações em nível organizacional ou individual, estabelecendo novas relações entre os sujeitos, dentro e fora do trabalho. No contexto esportivo, este fenômeno não é diferente, implicando em maior capacitação dos recursos humanos, promovendo alterações nos modelos organizacionais, principalmente por conta das novas tecnologias da informação que estabelecem maior velocidade nas trocas de informações, sobretudo nas tarefas operacionais, seja de natureza técnica ou administrativa.

Por Prof. Dr. Luiz Carlos Pessoa Nery

É notório que o conhecimento promove mudanças nos mais variados setores da sociedade, entre elas as atividades sociais e econômicas. Consequentemente, isso provoca adequações em nível organizacional ou individual, estabelecendo novas relações entre os sujeitos, dentro e fora do trabalho. No contexto esportivo, este fenômeno não é diferente, implicando em maior capacitação dos recursos humanos, promovendo alterações nos modelos organizacionais, principalmente por conta das novas tecnologias da informação que estabelecem maior velocidade nas trocas de informações, sobretudo nas tarefas operacionais, seja de natureza técnica ou administrativa.

Fonte: Sarmento 2010

Há muito tempo o esporte deixou de ser um negócio para se transformar em uma cadeia de negócios. Podemos entender esse segmento sob diversas óticas: esporte espetáculo, competição, entretenimento e recreação, promoção da saúde e formação esportiva. 

Desde que comecei a trabalhar com o esporte de alto rendimento, pouca coisa evoluiu, o que me levou a buscar na gestão do conhecimento maior fundamentação teórica, visando qualificar ainda mais minhas atividades profissionais, objetivando oferecer ao segmento esportivo contribuições relevantes como oferecer maior capacitação aos profissionais do Treinamento Desportivo assim como dirigentes esportivos.

Me propus pesquisar, durante meu doutorado, um novo modelo organizacional para o esporte brasileiro, baseado em seis atividades do conhecimento – criação, transferência, aplicação, armazenamento, identificação e aquisição – que compõem um diagrama de fluxos de informações e conhecimentos para ambientes interorganizacional (em nível macro) e intraorganizacional (em nível micro). 

Neste sentido, a tese prospecta contribuições qualitativas para o ambiente do esporte em todas as suas vertentes, proporcionando ações relevantes para os múltiplos desempenhos das entidades esportivas, como por exemplo o desenvolvimento de uma cultura organizacional, criação de um ambiente inovativo, promoção de aprendizagem organizacional, incremento comunicacional proporcionando um fluxo constante de informações e conhecimentos, entre outros.

A gestão do conhecimento é recente no segmento esportivo e, como exemplo de aplicação prática, Parent, MacDonald e Goulet (2014) verificaram a inclusão dessa ferramenta pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), que passou a adotar a GC no processo de transição entre as cidades sedes dos Jogos Olímpicos, a partir do ciclo olímpico de inverno, entre 2010 (Vancouver) e 2014 (Sochi). 

Para se ter uma ideia dos números envolvidos nesse contexto, em Vancouver, o evento contou com mais de 50.000 membros (pessoal pago, empreiteiros, consultores e voluntários) que participaram da organização dos jogos, 2566 atletas de 82 países diferentes que disputaram em 17 modalidades, mais de 10.000 jornalistas credenciados alimentando com informações para um público de TV com mais de três bilhões de pessoas ao redor do mundo. Verifica-se, assim, a complexidade e importância da gestão do conhecimento para qualificação organizacional dos megaeventos esportivos.

Além do ambiente da gestão do esporte, a gestão do conhecimento se faz presente também na área do treinamento desportivo. A evolução tecnológica aliada a grande competitividade do esporte de rendimento trouxe à tona diversos recursos, tornando a análise de jogo ainda mais importante. Equipes profissionais e amadoras utilizam programas estatísticos simples ou complexos para uma melhor compreensão do jogo. No caso do voleibol, a utilização de informações pautadas em princípios estatísticos oferece suporte para tomadas de decisão antes, durante e depois dos jogos. Toledo, Pereira e Brazil (2014) afirmam que “a gestão do conhecimento poderá contribuir para otimizar, ampliar e descortinar conhecimentos ainda obscuros durante as ações praticadas no voleibol”, ampliando o olhar em relação aos dados, informações e conhecimentos que a modalidade pode proporcionar.

Diante do exposto, entende-se que a construção de um ambiente compatível com os dias atuais, oferece aos profissionais das entidades esportivas (na área da gestão e do treinamento desportivo) a possibilidade de manter a efetividade dos planejamentos elaborados para longo prazo. Além disso, esse viés de evolução organizacional possibilita o aumento do potencial de empregabilidade direta e indireta no mercado nacional em relação às diversas ciências que compõem a gestão do esporte. 

Essa é minha primeira postagem no Blog da SBGC e espero que você tenha gostado. Vamos conversar mais sobre GC e Gestão do Esporte? Deixe-me seu comentário.

Sobre o autor: 
Prof. Dr. Luiz Carlos Pessoa Nery vem do segmento esportivo desempenhando, ao longo dos anos, diversas atividades, seja como atleta, professor de iniciação esportiva, treinador de alto rendimento ou atuando como gestor do esporte. 

REFERÊNCIAS 
PARENT, M.M.; MACDONALD D.; GOULET, G. The theory and practice of knowledge management and transfer: The case of the Olympic Games. Sport management review, v.17, n.2, p. 205-218 (2014).
SARMENTO, J.P. Conferência realizada no I Fórum Internacional de Gestão do Esporte / I Encontro Mineiro de Gestão do Esporte. Juiz de Fora, Minas Gerais (2010).
TOLEDO, H.C.; FERREIRA, G.N.P.; BRAZIL, G.P.P. Desenvolvimento da Análise de Desempenho Esportivo no Voleibol de Alto Rendimento no Contexto da Gestão do Conhecimento. // Podium 3:3 (2014) 36-44 (2014).